A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma das mais importantes afecções digestivas, tendo em vista as elevadas e crescentes incidências, a intensidade dos sintomas e a gravidade das complicações. É definida como sendo a condição que se desenvolve quando o refluxo do conteúdo gástrico causa sintomas e ou complicações.
É uma das causas mais freqüentes de consultas gastroenterológicas.
Os sintomas típicos relatados pela maioria dos pacientes são pirose e regurgitação ácida. A pirose é a sensação de queimação retroesternal. A regurgitação ácida é o retorno do conteúdo ácido até a cavidade oral.
Se o paciente apresenta estes sintomas no mínimo duas vezes por semana, em período de quatro a oito semanas ou mais, o diagnóstico da DRGE deve ser suspeitado.
Além dessas, existem as manifestações atípicas, sendo as mais referidas a dor torácica não coronariana, as respiratórias (tosse e asma brônquica), as otorrinolaringológicas (disfonia, pigarro e sensação de globo faríngeo) e as orais (erosão dental, aftas, halitose).
O mecanismo facilitador do refluxo gastroesofágico mais relevante é o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago (RTEIE).
Outros fatores estão implicados na fisiopatologia da DRGE:
Os portadores da DRGE, podem apresentar complicações, tais como esôfago de Barrett, estenose péptica e hemorragia.
Outra complicação grave é a estenose péptica, sendo mais frequente naqueles com esofagite grave.
A hemorragia é a complicação menos frequente, sendo provocada pelas úlceras esofagianas.
A principal ferramenta para o diagnóstico da DRGE é a história clínica.
Endoscopia digestiva alta
É o exame de escolha na avaliação de pacientes com sintomas da DRGE, A complementação do exame endoscópico com biópsia não deve ser conduta de rotina, estando reservada para situações especiais, tais como estenose, úlcera e esôfago de Barrett.
Manometria esofágica computadorizada
A manometria esofágica não é utilizada para fins diagnósticos; porém, ela fornece informações muito úteis ao avaliar o tônus pressórico dos esfíncteres esofagianos e a atividade motora do corpo esofágico.
pHmetria esofágica prolongada
Método específico e sensível para o diagnóstico de refluxo gastroesofágico e sua correlação com sintomas.
Teste terapêutico
Nos pacientes com menos de 40 anos, com queixas típicas de DRGE e sem manifestações de alarme pode ser instituído o tratamento com inibidores de bomba de prótons em dose plena por quatro semanas, associado às medidas comportamentais.
A abordagem terapêutica da DRGE inclui duas modalidades: o tratamento clínico e cirúrgico.
Tratamento clínico:
O tratamento clínico tem por objetivos aliviar os sintomas, cicatrizar as lesões da mucosa esofagiana e prevenir o desenvolvimento de complicações. Ele se baseia em medidas não farmacológicas e farmacológicas.
Tratamento cirúrgico:
O tratamento cirúrgico está indicado para os pacientes que necessitam usar a medicação ininterruptamente, os intolerantes ao tratamento clínico prolongado e nas formas complicadas da doença.
O tratamento cirúrgico consiste na confecção de uma válvula anti-refluxo gastroesofágica realizada com o fundo gástrico (fundoplicatura).
fonte: Henry MACA. Diagnóstico e tratamento da doença do refluxo gastroesofágico. arq. bras. cir. dig. 2014;27(3):210-215